Homossexualidade e Bíblia

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Fico pensando no que muita gente cristã fala a respeito da homossexualidade (muitas vezes usando o termo homossexualismo) e paro pra refletir: será que Deus os negou o direito à felicidade. Começa-se a legitimar a violência homofóbica daquilo que se desconhece e tão pouco se quer aproximação. No ano em que se começa a refletir, ou até mesmo se retoma as discussões a cerca da Segurança Pública na Campanha da Fraternidade, somos convidados a refletir se, de fato, queremos construir uma Cultura de Paz que possa contribuir com o diferente para nós, ou se queremos continuar com o preconceito "farisaíco" atrelado com o maxismo que nos destrói.
É lamentável ver que muitas travestis não podem participar de uma celebração, não pelo fato de serem impedidas de adentrar no templo, mas pela forma de como são observadas... Isso me faz lembrar daquele trecho em que na Sinagoga falavam sobre Jesus: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão?" (Mc. 6,3).

Bem, no início da Bíblia, muita gente já começa a olhar fundamentalmente o trecho de Gn 1,28 em que cita "fritificai-vos e multiplicai-vos". O que diríamos se Adão ou Eva quisessem viver sem relações sexuais, da mesma forma que a Igreja Católica orienta os padres a não construíem famílias e nem terem esposas?
Não farei vista grossa sobre Levítico 18,22 e Lv 20,13, também gostaria de convidar a leitura de outros trechos que o livro fala sobre o contato com a mulher quando está no período de sua mestruação, quanto ao corte do cabelo e o comer carne vermelha, dentre outras. Outra coisa que gostaria de falar a partir de minha vivência homoafetiva e de alguns gays que conheço, eu e nenhum destes ficou com um homem, pensando ser uma mulher.
Também não tamparia o sol com a peneira naquilo que a Carta de Paulo aos Romanos 1,18-32 e 1º Coríntios 6:9-10, mas seria necessário antes de tudo fazer uma análise histórica-política-cultural da época em que se vivencia e se escreve esta carta. Portanto é importante tomar cuidado com tais afirmações, até mesmo pois "afeminado" só toma sentido homossexual na modernidade. Outra coisa curiosa é que o texto fala que os cães não entraram no Reino de Deus, e em contraste em muitos templos na casa de muitos cristãos estes são os que guardam a segurança. Será um contraste na prática?
É comum na atualidade começarem a desconfiar da amizade próxima entre homens e mulheres, logo considerados homossexuais. O que diriam então de Rute e Noemi (cf. Rute 1,14 e 1,16-17) e Davi e Jônatas (cf. 1° Samuel 18:1; 1° Samuel 20:41; 2° Samuel 1:26)?

Porém, se "a paz é fruto da justiça" (Isaias 32,17) estaremos sendo injustos quando o direito de defesa de homossexuais que diariamente são vitimados pelas violências verbais ou físicas.
Se a verdade liberta (Jo 8:32) estaremos oprimindo o direito de homens gostar de homens e mulheres se relacionar com mulheres.

Se Jesus veio para que todos tenham vida (Jo 10,10), estaremos sendo anti-cristãos dando este direito somente a heterossexuais.

Estamos a caminho semeando, enquanto escut-ase grito de homossexuais sofrendo: "que tiver ouvidos, ouça!" (Mt 13,9).

3 comentários:

Vivi Vicuña disse...

Dudu, parabéns, "Acima de tudo o amor. Sem o respeito as diferenças não há amor". O seu trabalho sem duvida vai contra a hipocrisia que, infelizment, permeia o mundo.
Toh contigo nessa! Vamô lutar contra o preconceito, afinal todos têm valor na sociedade!

;*Vivi

Anonymous disse...

Parabens Eduardo! Bravo! Magnifico o texto e suas idéias!
Meu nome é Rafael e sou coordenador da PJ de minha cidade. Fiquei admirado em ver tamanho conhecimento e dom d argumentaçao quanto a defesa da vida plena e gostos e prazeres! Parabens!

Anonymous disse...

Interessante comentário, bem despretencioso de ser um estudo teológico, mais profundo na sua significancia, ainda mais pra nós homossexuais, que em vez de absorver a religiosidade da ultura ocidental (cristã) e de forma profunda teológica fazer descrição do que vivemos, amamos e sentimos, o bom combate, nos vosciferamos numa oposição, pela oposição a Igreja, por que não nos sentimos aceitos. Na verdade a posição de alguns do moviemnto tem haver com a injustiça e a sensação de não pertencimento a Igreja, pelo preconceitro e discriminação já sofridos, e você Eduardo, topa como João Batista a ser "uma voz no deserto" preconizando e buscando descerrar e promover o bom estudo biblico. Sóposso dizer que quem "CHAMA A DEUS COMO PAI, TEM QUE NOS CHAMAR DE IRMÃOS, tema de algumas paradas nacionais anteriores, Franco

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