Por um mês...

Sim, poderia eu está, neste exato momento, contemplando a felicidade deste dia. Entretanto, estou eu aqui, cabisbaixo a escrever aqui que o coração não queria experimentar: a dor pela perca de mais uma paixão. Não vou deixar de acreditar que a paixão é possível entre gays, que o amor não exista. Sim, ele existe e é ele que me sustenta nestes momentos difíceis.

Há um mês atrás unimos nossas vidas, nossa história, nossos rumos. Experimentamos através de telefonemas, beijos, abraços, flertes... o gosto da paixão. Proibida aos olhos de alguns, mas fortalecida por outros, dentre estes nossos amigos e amigas.

E momentos únicos como naquela noite em que te surpreendi em seu emprego... Ou naquela tarde que almoçamos juntos... Puxa! Como eu queria que àquelas horas em que ficamos juntos não passassem. Se tivesse mais tempo, faria mais coisas pra te ver feliz. Sua felicidade também era a minha.

Crises existiam, elas tinham que existir para a gente amadurecer. Era a partir delas que a gente também se conhecia um pouco mais. Era através delas que a gente descobria nossas limitações e necessidades. Era por elas também que analisava nossas vidas...

Hoje, não sei ao certo, ainda o motivo injusto que nos leva a mudar o rumo de nossas vidas. Mas não sou somente dotado de emoção, mas a razão em mim também habita e acredito que tenha que neste momento é ela que deva ser utilizada para que não sofra mais.

É por causa da felicidade que vivo o que vivo. Não arrisco, eu invisto para que o tempo vivido não seja sonho, mas realidade. Apesar de doer, quero lembrar sim, destes momentos felizes e recordar seu sorriso, sua voz, seu cheiro... você! Obrigado pelos momentos em sua companhia, pelo telefone ou outros meios. Obrigado por alguns esforços, ou tempos dedicados a mim. Desculpe por algumas falhas e também com o que não pude corresponder... Não sou perfeito.

Concluo, com o coração apertado, com uma poesia de Vinícius de Moraes.

SONETO DE FIDELIDADE
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Fraternalmente,
Eduardo Soares.